
Vamos falar sobre o dia das mães?
- Caminhos de Carreira

- 8 de mai. de 2021
- 5 min de leitura
Sim, esse é um tema "tabu", que estamos todas cansadas de falar. Mas, ainda sentimos aqui no Caminhos de carreira que é MUITO NECESSÁRIO.
O peso da carga mental relatados nos nossos grupos de mães, as cobranças em excesso pela perfeição, nos fizeram decidir fazer essa pesquisa para entender um pouco melhor se existem caminhos e boas práticas para lidarmos o melhor possível com o assunto.
Quando olhamos os estudos e os números friamente, são realmente assustadores. Trazemos aqui alguns deles.
Segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas de 2020, analisando a realidade de 125 mil profissionais:
- 48% das profissionais abandonam a carreira dentro de 12 meses após o nascimento dos filhos;
- Menos de 15% de cargos de liderança no Brasil são ocupados por mulheres. E pior, segundo o Fórum Econômico Mundial, se a evolução pelos direitos das mulheres seguir no ritmo que está, a igualdade de gênero só será possível em 2095
Será que existe correlação entre esses dois números? É certo que sim. Com toda a sobrecarga mental e os desafios de conciliar as funções múltiplas, jornadas exaustivas, acaba criando esse abismo de oportunidades entre mulheres X homens evoluírem na carreira.
Seguem abaixo os números principais da nossa pesquisa, que rodamos no Caminhos de carreira nessa semana para entender alguns indícios desse cenário.

E com o cenário novo de pandemia, home office, como ficou essa questão? Essa foi uma das perguntas "abertas" da nossa pesquisa e abaixo alguns testemunhos sobre a leitura desse momento.
"O que mudou na sua Rotina das mãe com a pandemia?"
Aspectos positivos/ neutros
Passei a ser mãe por mais tempo. Mais contato com a minha filha.
Estar mais em casa ajudou a ter mais flexibilidade para cuidar da casa e filha
Nada pq meu bb nasceu nesse contexto
Tive o bebe durante a pandemia, então criei a rotina nova durante a mesma, mas imagino que já teria colocado na escola.
Engravidei na pandemia. Então ainda não sei como ser mãe fora dela rs!
Pai em home office podendo ajudar mais
Na minha nada. Pq já ficava em casa antes.
Como continuo trabalhando normal, não houve mudança!
Estou mais presente com meu filho
Mais tempo com as crianças
Aspectos negativos
Me fez ter que conciliar as rotinas de casa com a maternidade e me atribuiu outros papéis, que não imagina ter que exercer de forma integral, como o de professora, cozinheira, psicóloga e recreadora.
Sempre overload de tudo.
Pouco tempo para coisas pessoais
Mudou muita coisa, no início da pandemia eu estava sem trabalhar por opção mas de uma hora pra outra assumi funções domésticas e como professora e agora estou num projeto com meu filho meio período na escola com o desafio do home office
Mudou tudo. Como emendei a licença maternidade na pandemia, e no meio desse caos, criei a minha empresa, precisei e ainda preciso muito de apoio do meu esposo e da babá. E mesmo assim ainda sinto que há uma sobrecarga e principalmente uma CULPA muito grande.
Abdiquei de trabalhos para ficar com o filho e ele não sentir tanto o peso de ficar preso
Aumentou responsabilidades
Confuso, pois sempre trabalhei, logo fiquei em casa deveria ter mais tempo para ela, mas veio problemas emocionais, procura de novo emprego no mercado de trabalho, ansiedade, muitas coisas que impediram de ser mãe tempo integral por inteira.
Não tenho momentos de pausa, de pensar e refletir sobre mim mesma. Ficou uma rotina insana cheia de compromissos durante todo o dia.
Home office com acúmulo de atividades profissionais e cuidados com a casa
Nada pq meu bb nasceu nesse contexto
Solidão, pouca convivência com outras pessoas
Cansaço mental em especial.
Trabalho em home office com crianças
Mais sobrecarga (qq falha na rede de apoio, babá ou escola, recai sobre a mãe).
Tudo. Virei professora, ajudando a minha filha se alfabetizar. Fiquei isolada com eles por 6 meses e a demanda de trabalho caiu bastante.
Rede de apoio ficou muito limitada. Tudo mais difícil.
A rotina de mãe mudou completamente, os horários são outros, o trabalho triplica, a qualidade da atenção dada às crianças tb muda muito, mandar para escola, não mandar, solicitar rede de apoio familiar no meio da pandemia, potencialização das culpas maternas, etc.
Aumentou significativamente a carga de trabalho, agora além de ficar 24h com as crianças tbm sou professora rs
Diminuiu minha possibilidade de rede de apoio
Mais preocupação relacionado ao medo dos filhos serem acometidos com a doença.
Ajuda nos estudos online
Pensando nos dados com esses sentimentos manifestados na pandemia, podemos perceber que para as mães que conseguem conciliar a rotina da maternidade com outra atividade, ter ajuda (seja da babá, escola e/ou rede de apoio familiar) é FUNDAMENTAL. E a pandemia limitou muito esse acesso, criando AINDA mais a sobrecarga mental, além de claro, ter-se feito necessário assumir outras atividades como a de "professora" dos filhos com as aulas online.
Outro aspecto que aparece na pesquisa e que é uma realidade muito assustadora na pandemia é sobre a solidão. Por isso, nesse momento, recomendamos ainda mais uma boa prática que ajuda MUITO: faça parte de um grupo de mães (no WhatsApp, Facebook, Telegram), seja como for, mas ter alguém pra partilhar dos mesmos sentimos, trocar figurinhas, pedir socorro, etc é essencial!
E pra finalizar, fizemos duas questões, também abertas, que davam espaço para sugestões e espaço para discussão a respeito de propostas para lidar e sanar o problema da sobrecarga mental da maternidade e também sobre iniciativas que podem minimizar esse abismo de oportunidades para os homens e mulheres no mercado de trabalho. Segue abaixo um compilado com os principais pontos.
Cultura e sociedade
É necessário uma revisão dos papéis e responsabilidades da parentalidade. Por muito tempo, acreditou-se que as responsabilidades familiares devem ser atribuídas às mulheres. Inclusive nós, mulheres, consciente ou inconscientemente, tomamos pra nós essa responsabilidade.
É preciso olhar para a paternidade de forma mais séria, socialmente falando. Assim também teremos homens (pais) mais envolvidos e mais próximos.
Fomentar uma cultura que valoriza mais a importância dos cuidados com a infância
Buscar a valorização do trabalho materno, já que muitas vezes, por um machismo estrutural, é um trabalho tido como se fosse algo simples de ser feito.
Trabalhar a conscientização por meio de processos de escuta ativa e comunicação não violenta
Mercado (Empresas)
Sinto que o mercado corporativo "entende" (muito entre aspas aqui) a mãe ficar com a criança, mas não aceita que o pai tenha essa mesma função. Vejo que uma forma de melhorar isso seria se as pessoas entendessem que os papéis são divididos e não olhassem com cara feia quando o homem precisa ficar em casa porque a mulher tem que trabalhar externamente ou precisa ir numa reunião.
Fundamental o entendimento das fases e necessidades da infância. Filho pequeno demanda mais a mãe, sendo que inclusive deve-se lembrar do período de amamentação que, segundo a OMS, a recomendação é que o aleitamento materno seja praticado até os dois anos de idade.
Tentar demonstrar para o homens, principalmente lideranças a importância da maternidade e as consequências se as mulheres decidirem não ter mais filhos.
Considerando todas as reflexões, é fundamental que cada uma de nós reconheçamos cada uma das nossas limitações, dificuldades e desafios e, impactando a nós mesmas, acolhendo as outras mães e fomentando a discussão na sociedade e nas empresas, conseguiremos construir condições mais inclusivas para as mulheres, para as mães e principalmente contribuiremos com uma sociedade melhor, oriundas da possibilidade de criar filhos com mais equilíbrio e menos culpa!
E por fim, o que desejamos para as mães nesse dia?
Acolhimento;
Reconhecimento (sem nos atribuir um lugar de SUPER heroínas, pois não somos e nem desejamos ser);
Uma boa rede de Apoio;
Descanso!!!!;
Paciência e equilíbrio, já que é uma missão tão nobre a de formar e orientar os homens e mulheres que vão participar da transformação desse mundo!



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