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Inteligência emocional - histórico, conceituação e dicas de como desenvolvê-la.

  • Foto do escritor: Marília Carvalho
    Marília Carvalho
  • 10 de mai. de 2021
  • 7 min de leitura

Atualizado: 11 de mai. de 2021

Vamos fazer aqui uma abordagem em três etapas sobre o tema Inteligência emocional.


Primeiramente traremos um panorama histórico remontando de onde veio esse termo e entender o porquê dele ter ganhado tanta notoriedade. Depois, falaremos sobre o conceito pautado em algumas definições que fizeram mais sentido no nosso ponto de vista e, por último, algumas dicas e orientações de como desenvolver a Inteligência emocional.


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Histórico


Apesar de Darwin já saber que o controle das emoções era vital para a sobrevivência, durante muitos e muitos anos, acreditou-se que a Inteligência dos seres humanos deveria ser medida pelo famigerado QI (Quociente de inteligência).


Eram inúmeros testes, medições para classificar os seres humanos na escala de inteligência segundo esse resultado. Porém, ao longo dos anos, ficava cada vez mais claro que essa Inteligência, medida pelo teste de QI (inteligência cognitiva - memória, resolução de problemas) não era uma métrica suficiente para explicar boas tomadas de decisão e uma vida melhor.


Em 1823, o psicólogo cognitivo Howard Gardner desenvolveu uma teoria, que no meu ver, é uma das que mais se aproxima da realidade para entender a inteligência humana - a teoria das inteligências múltiplas. Essa teoria introduziu a ideia de incluir tanto os conceitos de inteligência intrapessoal (capacidade de compreender a si mesmo e de apreciar os próprios sentimentos, medos e motivações) quanto de inteligência interpessoal (capacidade de compreender as intenções, motivações e desejos dos outros). Para Gardner, indicadores de inteligência como o QI não explicam completamente a capacidade cognitiva. Assim, embora os nomes dados ao conceito tenham variado, há uma crença comum de que as definições tradicionais de inteligência não dão uma explicação completa sobre as suas características.


O primeiro uso do termo "inteligência emocional" é geralmente atribuído a Wayne Payne, citado em sua tese de doutorado, em 1985. Porém, foi na década de 90 que o termo virou título de vários best sellers, dentre eles no livro Inteligência Emocional, de Daniel Goleman, que realmente popularizou o termo na mídia.


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Conceito


Mas então, o que é a Inteligência Emocional? Existem várias definições, que variam uma ou outra palavra, mas que no fundo representam a mesma ideia.


Goleman definiu inteligência emocional como: "...capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos." (Goleman, 1998). Segundo ele, a inteligência emocional pode ser categorizada em cinco habilidades:


  • Autoconhecimento emocional - reconhecer as próprias emoções e sentimentos quando ocorrem;

  • Controle emocional - lidar com os próprios sentimentos, adequando-os a cada situação vivida;

  • Automotivação - dirigir as emoções a serviço de um objetivo ou realização pessoal;

  • Reconhecimento de emoções em outras pessoas - reconhecer emoções no outro e empatia de sentimentos; e

  • Habilidade em relacionamentos interpessoais - interação com outros indivíduos utilizando competências sociais.


As três primeiras são habilidades intrapessoais e as duas últimas, interpessoais. Tanto quanto as primeiras são essenciais ao autoconhecimento, estas últimas são importantes em:


  • Organização de grupos - habilidade essencial da liderança, que envolve iniciativa e coordenação de esforços de um grupo, bem como a habilidade de obter do grupo o reconhecimento da liderança e uma cooperação espontânea.

  • Negociação de soluções - característica do mediador, prevenindo e resolvendo conflitos.

  • Empatia - é a capacidade de, ao identificar e compreender os desejos e sentimentos dos indivíduos, reagir adequadamente de forma a canalizá-los ao interesse comum.

  • Sensibilidade social - é a capacidade de detectar e identificar sentimentos e motivos das pessoas.

Utilizaremos para os próximos passos, uma outra abordagem, feita no livro Inteligência Emocional 2.0, de Travis Brandeberry & Jean Greaves.

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Eles organizam a Inteligência emocional em um modelo muito didático, dividido entre competências pessoais (Autoconsciência e Autogestão) e competências sociais (consciência social e gestão de relacionamentos), conforme a figura a seguir.

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A autoconsciência é a nossa capacidade de notar as nossas próprias emoções no momento em que elas surgem e conhecer as nossas tendências em diferentes situações. A autoconsciência inclui nos manter atentos ao modo como costumamos reagir a determinados eventos, dificuldades e pessoas


A autogestão é a nossa capacidade de usar a conscientização das nossas emoções para nos manter flexíveis e direcionar o nosso comportamento de forma positiva. Isso implica gerenciar as nossas reações emocionais a diferentes situações e pessoas.


A consciência social é a nossa capacidade de reconhecer as emoções dos outros e saber o que de fato está se passando com as pessoas. Em geral, isso implica notar o que os outros estão pensando e sentindo, mesmo quando não concordamos com eles.


A gestão de relacionamentos é a nossa capacidade de usar a conscientização das nossas próprias emoções e das emoções alheias para gerenciar bem as interações. Isso garante uma comunicação clara e uma abordagem eficaz para os conflitos.


E afinal, como desenvolvê-los?


Agora que entendemos os conceitos, como podemos, então desenvolver os componentes da Inteligência Emocional.


Primeiramente, é preciso esclarecer que existem também testes para medir o QE - Quociente emocional. No livro citado acima (Inteligência emocional 2.0), é fornecida uma senha para realizar online esse teste e um relatório bem didático para auxiliar na busca da melhoria dos resultados.


Vamos usar aqui algumas dicas que coletamos de vários lugares (inclusive do relatório pessoal deste teste acima) para ajudá-los nessa busca por desenvolver continuamente a Inteligência Emocional.


Mais uma vez, é importante lembrar que cada pessoa tem um ponto de partida diferente e, portanto, irá focar nas suas prioridades que precisam ser desenvolvidas. Por isso, o mais importante é refletir e ter o autoconhecimento de quais são os componentes que necessitam de mais atenção.


1) Sobre Consciência pessoal:


Primeiramente, mude a sua atitude com relação aos seus sentimentos. Pare de rotulá-los como bons ou ruins.


Fazendo dessa forma, você perde a chance de aprofundar seus sentimentos e faz análises sempre muito rasas do que está sentindo.


Por exemplo, muitas pessoas condenam o MEDO a um sentimento ruim e, na verdade, em algumas situações, o medo pode salvar sua vida e te proteger de um perigo real.


Ou, por outro lado, o excesso dele pode te paralisar e te fazer deixar de contemplar muitas situações prazerosas por conta desse excesso de precaução. Ou seja, tudo depende do contexto, da intensidade, etc.


Para tomar a Autoconsciência, indicamos prestar atenção ao seu corpo nas diferentes situações com o intuito de identificar padrões.


Exemplos: Em situações de estresse, qual a primeira reação no corpo?

- ficar com as mãos trêmulas?

- ter crise de riso?

- avermelhar o rosto?


Enfim, você só conseguirá identificar esses padrões com muita Auto-observação e Auto-análise. E o que isso agrega? Muito, aos primeiros sinais do seu corpo, você já poderá lançar mão das táticas de Autogestão.


Uma outra boa prática é aprimorar seu diálogo interno. Somos bombardeados freneticamente pelo nosso cérebro com pensamentos - Pesquisas sugerem que uma pessoa tem em média cerca de 50 mil pensamentos por dia!!! É impraticável querer ter o controle de todos eles.


Na verdade, o importante é tomarmos as rédeas e aprendermos a controlar as reações negativas dessa explosão de pensamentos para não cairmos facilmente na tendência à autossabotagem.


Algumas dicas simples e eficazes são:

  • Transforme o sempre ou nunca em só desta vez ou às vezes;

  • Substitua críticas como “Sou um idiota” por afirmações factuais, como cometi um erro;

  • Por fim, aceite a responsabilidade pelas suas ações e SÓ pelas SUAS ações.


Além disso, é importante saber NOMEAR os sentimentos. Perdemos essa capacidade ao longo da vida e acabamos nos limitando a usar sempre as mesmas emoções para expressar sensações diferentes. No curso de Inteligência Emocional da Escola Conquer foi disponibilizada uma lista de sentimentos e emoções para voltarmos a ter contato com essas nomes para, justamente, conseguirmos expressar com mais clareza aquilo que sentimos.


Segue o LINK pra que quiser acessar essa lista.


Tendo desenvolvido a habilidade de reconhecer os meus sentimentos e emoções, qual o próximo passo?


2) Como desenvolver a AUTOgestão?


Para conseguir controlar e dominar as próprias emoções quando identificamos alguma das situações acima, ou alguma outra que pode gerar qualquer tipo de reação exagerada, sem filtro ou ponderação, algumas táticas podem ser úteis.


A primeira delas parece bem óbvia, mas é bem eficaz. É o famoso contar até no mínimo 3 antes de esboçar qualquer reação. Esse tempo pode ser milagroso. O ressignificar a aprender a tomar a rédea dos seus pensamentos, organizá-los será muito eficaz.


Uma outra dica é utilizar a técnica da Respiração. Não é atoa que a respiração é a principal ferramenta da Meditação, pois o acompanhar o movimento de entrada e saída do ar nos ajuda e tirar o foco da situação que está no causando algum tipo de reação ruim, para concentrar estritamente no respirar. Fora que, o cérebro mais oxigenado reage melhor!


Nas situações que são possíveis, uma boa prática é dar o famoso intervalo de digestão. Se conseguir pedir um tempo para refletir, para acalmar as emoções, para depois continuar uma conversa, discussão, etc, é o melhor caminho!


Falamos muito do nosso universo interno e agora, vamos para a observação pra fora.


3) Sobre consciência social


Pensando sobre como identificar as emoções dos outros a minha principal dica é, seja observador aos mínimos detalhes. Inclusive, assim como é aplicável pra nós mesmos, para olhar o outro podemos também buscar sinais do corpo (mãos trêmulas, semblante diferente, pele avermelhada, etc).


Na nossa visão, essa percepção do outro exige treino. Faça isso com as pessoas que você ama, que tem algum tipo de intimidade, no seu entorno. Tente fazer a leitura das emoções dessas pessoas nas diferentes situações e depois confirme se você fez a leitura correta. Isso vai te ajudar a aprimorar e corrigir essa visão, essa leitura.


Uma outra maneira é fazer isso com filmes, seriados, etc. Busque identificar os sentimentos dos personagens e se possível, discuta com outras pessoas para ver se as percepções estão parecidas.


E por fim, uma dica extremamente importante, desenvolva a sua capacidade de saber ouvir. Muitas vezes ficamos tão obcecados por provar um ponto, por ter razão, que deixamos a escuta ativa de lado.


4) E sobre RELACIONAMENTO ?


Para conseguir aprimorar o relacionamento intrapessoal, e conseguir evoluir junto com as pessoas ao seu redor, só será possível se, de fato, houver a disponibilidade de fazer isso de forma coletiva.


Em um ambiente com tantas tecnologias, IA e outras ferramentas “sem vida”, a importância de sabermos usar e melhorar continuamente essas habilidades humanas de saber ouvir, ter empatia e pensar coletivamente, serão cada vez mais essenciais.


Enfim, essas são atitudes e táticas que ajudam no dia-a-dia e que fazem com que consigamos aprimorar a nossa Inteligência emocional.


Lembrando que o TODO é a SOMA das partes. Não adianta só desenvolver o Autoconhecimento, saber identificar as suas emoções, porém não conseguir fazer a gestão delas. Ou ainda, saber muito bem como identificar e gerir os próprios sentimentos, porém não conseguir aplicar isso no meio observando os sentimentos das outras pessoas, desenvolvendo uma escutaAtiva e/ou utilizando-se disso para se relacionar com elas. É um somatório de tudo isso é que nos faz desenvolver a inteligência emocional e, com isso, gerir a nós mesmos e junto com o nosso meio promover as mudanças necessárias na construção de uma sociedade mais inteligente emocionalmente!


E você já pratica algo sobre isso? Compartilha aqui nos comentários de você tem uma boa prática pra ajudar também na busca por desenvolver essa soft skill tão importante! :)


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